17 julho 2016

Homenagem ao Alex - Sessão evocativa



Sessão evocativa alusiva à passagem dos 71 anos sobre o assassinato de Alfredo Dínis (Alex), no passado dia 4 de julho, no Adro da Capela da Bemposta.


Apontamentos da intervenção de Domingos Abrantes:

O assassinato do camarada Alex, em 1945, ocorre num período de grande ofensiva da polícia política contra a resistência ativa e organizada do PCP. O Partido acabava de ultrapassar um dos períodos mais difíceis da sua história, entre 1939 e 1941, durante o qual a violência da repressão tinha conseguido desarticular os organismos de direção e atingido os quadros mais responsáveis, grande parte deles enviados para o campo de concentração do Tarrafal.


Contudo o partido tinha empreendido um profundo processo de reorganização, com o objetivo claro de mobilizar as massas trabalhadoras para a luta antifascista. É nesse processo que participa ativamente o jovem Alex, dando um contributo importante para o êxito das greves dos anos 40, ponto alto da luta dos trabalhadores contra o regime.

No contexto internacional as forças nazi-fascistas acabavam de ser derrotadas. Na Europa o contributo da União Soviética e das resistências comunistas em vários países foi preponderante para essa derrota. Importava ao imperialismo conter o avanço das ideias progressistas, por isso apoiaram as ditaduras de Salazar e de Franco. Em Portugal essa situação manteve-se até ao 25 de Abril de 1974.

O êxito da Revolução de Abril, com os contornos que veio a assumir, não é separável da luta durante os anos da resistência. Parte dos protagonistas do golpe militar visavam mudar o governo e algumas políticas, mas no essencial pretendiam manter o regime. O fascismo só foi liquidado pela ação decidida das massas populares, que determinaram uma mudança revolucionária fundada em valores democráticos e progressistas.

Hoje na europa as ideias fascistas voltam a alastrar à velocidade do som. Há 35 países onde os fascistas estão no poder ou têm importantes representações. Tal não é de estranhar, porque quando existem dificuldades o fascismo e as ideologias populistas encontram as condições ideais para crescer, e voltam a ser o último recurso do capitalismo.

Muitos tentam reescrever a história com omissões, meias verdades e mentiras grosseiras. Em Portugal vão-se apagando todas as referências à existência de um regime fascista e assim, para quem se deixe iludir, que sentido tem falarmos sobre um herói da resistência antifascista?

É por isso que nos reunimos na freguesia de Bucelas, todos os anos, a lembrar o assassinato do Alex. Para que a memória não se perca, para reforçar a consciência de que a Liberdade nunca foi um dado adquirido: foi duramente conquistada e tem de ser continuamente defendida.



António Queiroz Leitão

Lamentamos o falecimento, no passado dia 12 de outubro, de António Queiroz Leitão, antigo presidente da Junta de Freguesia de Bucelas, eleit...